Tal e como o diz a direita, vivemos atualmente nos Estados Unidos Socialistas da Europa. Mas que têm a dizer sobre a crise econômica global aqueles que se definem como socialistas (e seus amigos progressistas)?
Em meados de 2007, eclodiu a crise das hipotecas imobiliárias na meca do capitalismo globalizado. Era a ponta de um iceberg. Desde então, de espanto em espanto, o pensamento único vem se desmilingüindo. As cifras são estapafúrdias. Falou-se que a financeirização da economia capitalista produziu uma bolha de 600 trilhões de dólares em ativos financeiros para um produto bruto mundial de 60 trilhões de dólares. Essa é a pior crise do capitalismo desde 1929. Ela já vem produzindo reviravoltas inesperadas: a intervenção do Estado na economia vem sendo reclamada por economistas que até a véspera defendiam o receituário neoliberal, sem margem para controvérsia.
A atual crise econômica não se limita a uma questão de estatísticas, nem se reduz ao devastador impacto social do desemprego e da incerteza. Com a debacle mundial, fez água uma particular visão do mundo que pareceu dominante e irreversível com a queda do muro de Berlim. Essa visão se cristalizou em algumas frases famosas como o "fim da história" de Francis Fukuyama, "a sociedade não existe" da primeira ministra britânica Margaret Thatcher ou os 10 mandamentos do consenso de Washington que impulsionavam a liberalização-desregulamentação-privatização global.Depois de décadas de ser relegado ao plano do esquecimento e de acusações de incompreensão do mundo real e da dinâmica econômica, as idéias de Karl Marx estão novamente no centro das atenções com a recente e inexorável crise do sistema capitalista. Liberais e neoliberais de plantão estão descobrindo pela força da tragédia econômica que suas idéias não estão tão ultrapassadas como diziam e nem podem ser relegadas como queriam.